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AS RELAÇÕES SÓLIDAS EM UM MUNDO LÍQUIDO

Elen Cristiane

relacoes solidas

Sobre a Autora

Relacionamentos

 Conectados 24 horas por dia, os seres pós-modernos conhecem os principais assuntos do momento, conversam com várias pessoas ao mesmo tempo e compartilham com todos os seus amigos, nas redes sociais, detalhes íntimos de suas vidas. Para o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos na era da Modernidade líquida, porque confrontamos os valores que eram concretos no passado, abandonamos a individualidade e não estamos mais ligados às propostas utópicas que foram capazes de promover no mundo grandes transformações.

  Segundo o psicólogo Israel Ring, 56 anos, a internet é muito mais um sintoma da sociedade do que a produtora de um novo tipo de relacionamento. Os aplicativos se propagaram, tanto entre jovens quanto adultos, para suprir uma demanda progressiva da forma líquida na qual as pessoas encaram os seus vínculos afetivos.

  Porém, há quem discorde do especialista. Juliana Lima, 25 anos, é um dos exemplos de que a internet pode fortalecer relacionamentos que, antes da era digital, seriam impossíveis. A paulistana conheceu o namorado carioca depois de criar um anúncio de venda em um grupo de brechó virtual.A união não aconteceu de imediato. Depois de se adicionarem no Facebook, a fim de negociar a venda de um livro, demoraram anos para se comunicar de novo e criar um vínculo afetivo. O casal só começou a trocar mensagens esporadicamente, após o compartilhamento de uma postagem sobre a pré-estréia de Batman x Superman.

  Um ano se passou desde o início dessa história de amor. O casal se comunica diariamente por Whats App e se vê pessoalmente, em média, uma vez por mês. Juliana confessa que essa situação tem perspectivas boas e ruins: “O lado ruim é porque você não tem a pessoa presente; chega cansada do trabalho e quer o físico [abraço e carinho], mas isso a gente não tem. E o lado positivo é que você vê que o sentimento é verdadeiro, porque se a pessoa não gostasse realmente de você, não faria esforço de gastar uma quantia com passagem nem perderia o tempo com viagem.”

  Assim como Juliana, Thuani Ladeira, 22 anos, já namorou à distância e acredita que as redes sociais podem unir pessoas. Porém, por mais que ela encare que é possível manter um vínculo forte com familiares e amigos através da internet, quando namorava sentiu grandes dificuldades de permanecer em um relacionamento sério: “Namoro, no caso, é bem complicado, porque se você for manter isso por muito tempo, por muitos anos, não tem como. São mundos diferentes, você conhece pessoas diferentes e, eventualmente, em algum momento da vida, não vai dar certo.”

 Para Ring, o conceito de Modernidade líquida é totalmente atual e vai ao encontro das dificuldades de Thuani, uma vez que as uniões se tornam cada vez mais frágeis por causa da fragmentação das instituições. “As relações afetivas de namoro e casamento são muito mais maleáveis e líquidas, como falava o Bauman. Agora, esses relacionamentos não são mais uma âncora na vida das pessoas tanto quanto eram antigamente”, afirma.

   A jovem Luiza Branco, 21 anos, reconhece que a distância atrapalha as relações, mas afirma que a tecnologia tem sido fundamental para manter vívidos os seus laços familiares: “A internet

A INTERNET TEM UM LADO SOMBRIO E UM LADO ANGELICAL

tem um lado sombrio e um lado angelical. Assim, de unir e de separar. Na minha questão, a internet foi um anjo para mim e para minha família. Só por isso, posso ver o rosto da minha mãe todos os dias e posso conversar com ela sempre”.

  A estudante, que morava com a família em Recife (PE), alugou um apartamento na Vila Mariana com o namorado, se matriculou no curso de Artes visuais na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) e se mudou definitivamente para São Paulo. Luiza, que veio em busca de melhores oportunidades profissionais, está na capital paulistana há dois meses; contudo já sente falta dos entes queridos que deixou em sua cidade natal.

   Segundo o psicólogo, isso pode ser explicado porque a saudade, que sentimos por nossos parentes e amigos, depende do tipo de função que as pessoas exercem em nossas vidas. E, para ele, a distância apresenta dois lados: “Tem um lado que pode ser interessante estar perto e tem outro que não.” No caso da estudante, um certo distanciamento pode ser interessante para adquirir independência e maturidade, mas é fundamental, que além do contato virtual, ocorra também uma participação presencial da família durante a tomada de decisões importantes.

Globalização

   De acordo com o levantamento realizado pelo Facebook, em abril de 2016, mais de 102 milhões de brasileiros se conectam utilizando essa plataforma virtual. Isso representa mais da metade da população brasileira que está avaliada em 206 milhões de habitantes, segundo o IBGE.

   Laura Oliveira, 21 anos, é uma usuária assídua do aplicativo. Tal como Luiza, a jovem saiu de casa para fazer faculdade. Atualmente, estuda engenharia de produção na Ufscar e depende dessa rede social para se comunicar com a família e os amigos.

   Segundo a estudante, graças às novas funcionalidades do Facebook é possível estabelecer uma relação virtual sólida muito próxima do contato presencial. “A pessoa não está ali fisicamente, mas é praticamente isso. Você está ali conversando, vendo o rosto, comentando simultaneamente”, declara.

Amor Líquido

     O relacionamento de Luther Batista, 23 anos, não conseguiu sobreviver ao distanciamento. O namoro começou por que ambos eram Testemunhas de Jeová e, consequentemente, frequentavam os mesmos eventos religiosos. Tudo correu bem, durante 5 meses, até que Ana, a ex-namorada, perdeu o emprego e voltou a morar com os familiares.

      Diante do impasse de terminar o envolvimento ou continuar, optaram por tentar resistir às centenas de quilômetros que os separavam. Ele permaneceu morando em São Paulo (SP), e a jovem morando em Curitiba (PR).

      “É muito difícil suprir a presença de alguém. Uma conversa não é tão boa o suficiente; quanto um abraço, um aperto de mão, e a pessoa ao seu lado”, descreve.

    O principal motivo para o término dos relacionamentos à distância, de acordo com o psicólogo, está ligado ao aumento da possibilidade de conhecer novas pessoas nas redes cibernéticas. “Hoje em dia, é difícil manter um relacionamento à distância, porque o incentivo para você ser feliz e ter relacionamentos é muito maior”, explica.

    No caso de Luther, as redes não abriram caminhos para que ele ou ela iniciassem um novo relacionamento, mas trouxeram decepção e alimentaram o ciúme em vez de servir de ferramenta para a manutenção do amor: “De longe, vemos a outra pessoa [pelas redes sociais] se divertindo sem a gente. E nós mesmos passamos a nos divertir sem a outra pessoa. Isso incomodou bastante e contribuiu para o fim do namoro".

DIANE NASCIMENTO

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© 2017 by Mayara Zago e Diane Nascimento. Proudly created with Wix.com

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