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A MODERNIDADE DO COMPARTILHAMENTO DA INFORMAÇÃO MUSICAL

João Izzo

Sobre o Autor

modernidade

Transformação

   O conceito de streaming veio atrelado às inovações tecnológicas e mudanças neste setor no século XXI, precisamente nesta década. Com uma definição não tão conhecida, – principalmente por quem não é da área – a palavra pode ser definida por transmissões de conteúdos multimídia via internet. Essas transmissões podem ser feitas ao vivo ou dependendo da demanda do público que consome o serviço em questão. Segundo Jenkins, a ampliação de um ambiente discursivo coexiste com o estreitamento da variedade nas informações transmitidas pelos canais mais disponíveis, ou seja, a capacidade da transmissão está maior, porém divide espaços com uma possível diminuição de variedade de conteúdo. O desafio é, portanto, aumentar essa variedade a fim de termos um leque mais vasto de conhecimento e informação.

  Através de podcasts, –gravações de áudio armazenados em programas na internet– vídeos 

                                                                       e músicas, o streaming possui como uma característica fundamental o abastecimento de conteúdo e informação diretamente da internet, não ficando instalado ou arquivado no computador do usuário.

                                                                    Também de acordo com Jenkins, a convergência representa uma mudança de paradigma por descolar o conteúdo de uma mídia específica a um conteúdo que varia por vários canais. É exatamente o que os podcasts, por exemplo, buscam: expandir a informação para diversos meios de transmissão e assim, não ficar estagnado em apenas um canal.

Expandindo a imagem de um artista

   A ideia atual dos cantores, produtores musicais, bandas e grupos é se promoverem através destas técnicas proporcionadas da web. O DJ Giovanni Roque, de 23 anos, aluno de Administração do Mackenzie, é um dos que seguem essa toada. Ele fala sobre o seus primórdios na música, assim como começou o seu gosto pelo que toca atualmente, o Deep House. “Comecei gostando quando era bem pequeno. Ouvia muito rock, principalmente The Killers, Foo Fighters, Red Hot, Panic at the Disco. Gostava de jogos de videogame que envolviam música, como o Guitar Hero”.

    CANTAR COM A ALMA E O CORAÇÃO!

“Antes eu iniciei com o EDM, mas agora toco só Deep House ou Tech House, dependendo do lugar e das pessoas”. Ele conta que à medida que foi se interessando pela música, tomou gosto por outros estilos e viu que o Deep House era o seu preferido.

  Ele costuma se apresentar em festivais de música eletrônica, festas particulares e eventos universitários e cita que estar rodeado de milhares de pessoas nestes tipos de evento é o ápice do seu trabalho. O seu primeiro show havia sido um da Engenharia, do próprio Mackenzie.

      Também devido ao fato de que sua carreira solidificada só existe 

há um ano, Roque ainda busca a criação e a propagação de seu trabalho pelas mídias sociais. Ele ainda não possui conta no Spotify por também não possuir uma música própria e apenas sets de músicas escolhidas. Contudo, ele usa muito o SoundCloud, o maior serviço de streaming no ramo dos podcasts do mundo e aponta os diferenciais deste transmissor: “Eu pago um valor mensal e tenho uma conta com downloads ilimitados. Posso ouvir música a qualquer instante e é importante para divulgar meu trabalho”.

   Giovanni também cita o fato interessante do SoundCloud ao mostrar como as pessoas chegam aos seus sets e de quais países são os visitantes que acessam suas músicas. Através do seu Facebook, possui uma página oficial com o nome de “DJ Roque” e atualiza constantemente o seu conteúdo lá, contendo uma biografia sua e de quais baladas ele participou. “Estou patrocinando minhas publicações para aumentar a propagação da minha página”, conta ele. Apesar de possuir Snapchat e Instagram, Roque não os utiliza para promover sua carreira.

“Cantar com a alma e o coração!”

  Apesar de ainda estar em busca da criação de contas nas redes de streaming, Carla Casarim, 30 anos é uma cantora, compositora e educadora musical que decidiu dedicar-se a musica popular brasileira e samba após concluir o curso de licenciatura em música na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

  Levando em conta que Carla ainda não possui contas em páginas de streaming, ela utiliza outros métodos para expandir o seu trabalho. Ela conta com um site próprio, que dispõe de biografia, agenda, projetos, vídeos e fotos na mídia, além de matérias que saíram em veículos de comunicação. Há também um release bem completo, a fim de divulgar sua carreira, principalmente para contratantes. Entretanto, Carla ainda está aprendendo a mexer com plataformas digitais, sendo fã assumida de CD, discos e vinil.

                                                                            responderem”.

   A cantora Carla também vai pelas mesmas vias. “Eu acho que a informalidade que o digital traz é muito bom para acompanhar o contato no dia a dia dos artistas”. Ela entende que antigamente apenas revistas e shows eram capazes de aproximar o público com o artista. E atualmente, ela posta vídeos e fotos diárias, retratando viagens, ensaios, preparações para shows, entrevistas e até momentos em que ela toca piano, justamente para trazer para perto os seus fãs e quem gosta dela.

   Além de tudo isso, Carla ainda arruma tempo para dar aulas de canto. A novidade é que ela é a nova integrante e vocalista da banda Bicho de Pé e vai lançar um novo EP no final de maio, que contará com quatro faixas e vai se chamar “Menino dos Olhos Brilhantes”. Em outubro, chegará o CD: Terra-mãe, o qual vai dispor de onze faixas inéditas.

   Giovanni vê a disputa muito acirrada na sua área e fala de um clima de rivalidade entre os DJs, ao menos no Brasil. “Na Europa, eu sinto que todos se ajudam e promovem o trabalho um do outro. No Brasil, eu vejo cada um por si e não há muito suporte e divulgação dos DJs entre eles”, desabafou.

   Para se aperfeiçoar na profissão, ele começou um curso de produção musical a fim de aprender mais sobre música e iniciou um projeto ousado e visionário de marketing ao focar no empreendimento da sua marca. Ele diz “marca” por acreditar que o artista vende a sua imagem por ser uma pessoa pública. Assim, existe a chance de ser contratado e assinar com uma gravadora, por exemplo. Antes, ele não dava atenção para sua imagem; agora, já realizou ensaios fotográficos a fim de ter mais exposição na mídia na qual está inserido. Além disso, está produzindo bonés, camisas, blusas, canecas e até adesivos para fixar e estabelecer a marca “DJ Roque”.

   Carla participou também do The Voice Brasil, em 2014, e conseguiu chegar até a fase semifinal. “Foi uma experiência única, que eu nunca vivenciei antes. Conhecer de perto os artistas famosos, trocar informações com outras pessoas... foi muito nervosismo”, revela. O programa foi o estopim para propagar sua carreira, pois a exposição foi muito grande.

   O sucesso e surgimento de Carla como cantora se deve também à ampliação do cenário musical no âmbito dos programas de música. Porém, temos de citar a intenção da tendência modernista que acarreta no uso de redes de streaming: praticidade, simplicidade, dinamicidade e agilidade no fluxo de informações e dados.

    O conceito de inteligência coletiva se aplica nesta esfera. Para Pierre Lévy, a inteligência coletiva está também em reconhecer o outro indivíduo como uma inteligência, um conhecimento em potencial, pois todos têm seus conhecimentos e que, se todos se reconhecessem dessa maneira, seria um passo a para a exaltação da inteligência coletiva e o aumento do entendimento de cada um. A ideia aqui é a troca de conhecimentos entre os indivíduos que coexistem no compartilhamento de informações pela web. Com essa intenção, a gama do saber seria expandida nas mídias digitais que compreendem ao universo do streaming.

    É uma clara oposição ao que a população usava no começo do século: CDs, DVDs e o próprio iTunes, a referência em música em tempos passados. Nos dois primeiros, o custo para comprar um álbum por vez sempre foi muito alto; a pirataria foi a maneira de baratear o custo, mas por ser prática ilegal, não é bem vista. Já no caso do último, a mão de obra necessária para o sistema funcionar, como a lentidão para baixar músicas, o fato de precisarmos sempre de uma boa conexão para downloads são alguns dos itens que deixaram tais precursores obsoletos e ultrapassados.

   E foi neste âmbito que Roque iniciou na música: há cinco anos, baixou no seu iPad um programa de DJ para aprender como era o funcionamento. Pouco tempo depois, houve uma festa que um DJ não poderia comparecer ao evento. Na falta de um, Roque se ofereceu para ajudar.

  Tendo em vista que as emissoras de rádio e televisão sempre detiveram os privilégios de monopolizar o conteúdo musical que querem, as redes de streaming como Spotify, Deezer e Apple Music chegaram para estabelecerem a concorrência e livre mercado de escolha. Com uma sociedade cada vez mais focada em consumo de serviços e não de bens próprios, essas plataformas definitivamente já caíram no gosto de quem é amante da comodidade e facilidade para encontrar o que deseja consumir.

  Ela que costuma se apresentar em bares e casas noturnas em São Paulo, possui vários projetos solo, incluindo o Festival dos Festivais, o qual retrata os anos 60, ilustrando as mulheres brasileiras.

   “Uma das coisas mais importantes que pode se ter atualmente são as plataformas utilizadas como meio de divulgação do trabalho de alguém”. Com esta afirmação, Roque sintetiza a influência do artista com o público em tempos contemporâneos. Ele crê que ao patrocinar e expandir o seu leque de mídias, o público-alvo será direcionado e atingido por quem deseja escutar determinada música do cantor.Em tempos atuais, ele cita o fato das interações com o público serem muito mais fáceis do que antigamente. “Agora eu consigo mandar uma mensagem nas redes sociais para o meu cantor ou banda favorita e eles podem até me responder. É uma relação muito mais próxima. A gente cria muito mais expectativa deles nos

Mayara Zago

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Larissa Zapata

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