Relacionamentos
DESAFETOS
Michelli Oliveira

Maria Gomes*, 23, estudante gostava muito de jogar videogame a ponto de não se relacionar mais com os amigos e familiares. “Eu passava tanto tempo jogando que não via minha mãe ou minha irmã durante dias e quando eu as vias, o clima era de briga”.
Assim como Maria muitas pessoas têm relacionamentos acabados devido ao uso de aplicativos, sejam eles amorosos ou de amizades. O número de indivíduos que usam a internet no Brasil cresce a cada dia. Uma pesquisa realizada pela CGI em 2015 mostra que usuários das classes A e B são os que mais utilizam a rede, enquanto as pessoas das classes D e E permanecem à margem.
times de futebol ou fazer o outro se sentir trocado pela “vida virtual”é mais comum do que posso parecer.
Sabrine Schmitt e Michelle Imbelloni, graduadas em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis, escreveram uma artigo para o Portal dos Psicólogos falando sobre “Relações amoras na sociedade contemporânea” realizado em 2011 elas dizem que,
ELA MEXIA MUITO NO
FACEBOOK E DISSE QUE ACABOU ME
ESQUECENDO POR CONTA
DISSO
“Um dos meios de relacionamento encontrado nessa sociedade são os relacionamentos onlines, que favorecem vários meios de experimentação de relacionamentos, tendo em vista que os parceiros não percebidos por aquilo que são, mas sim pelo que aparentam ser, havendo assim um controle da situação, fato este ser um marco nessa sociedade, o controle, a possibilidade e o intenso interesse de controlar tudo. Percebe-se nessas últimas décadas a constituição de um novo ambiente, onde o que ocupa um lugar fundamental é a fragmentação da subjetividade. A relação do sujeito com o seu objeto foi modificada. Não permite-se mais aos indivíduos o ficar triste, a frustração não é mais tolerada. O valor das pessoas está naquilo que aparentam ser e não pelo que são, consagrando-se assim cada vez mais o individualismo”.

Refletindo sobre este individualismo, muitos relacionamentos acabam por fazer com o que o parceiro se sinta substituído pelo o uso constante de aplicativos. Maria e Robson Santos da Conceição, 20, estudante de gastronomia, perderam amizades de anos por causa da internet. Ambos se sentiram trocados e, resolveram cortar todas as relações que possuíam com essas pessoas.
Nos dois casos, as amigas não possuíam telefone com acesso a internet e quando tiveram condições financeiras para adquirir o aparelho smartphone acabaram passando mais tempo no celular do que com eles.
“Ela mexia muito no Facebook e disse que acabou me esquecendo por conta disso” foram essas as palavras destinadas ao Robson ao questionar sua amiga de longa data. Para ele essa súbita mudança no comportamento dela o fez sentir-se deprimido por um tempo. Maria não fala com a amiga até hoje, depois de uma briga que tiveram “nós saiamos e ela nem falava comigo, não olhava para mim, ficava só digitando no celular, era no Facebook e no Whatsapp e, eu ficava lá falando sozinha”.
Schmitt e Imbelloni discorrem sobre como a tecnologia faz com que a pessoa se sinta cada vez mais individualista mesmo estando dentro de um relacionamento e, que a tecnologia contribuí para isso, já que com ela se começa ou termina com outra pessoa.

um episódio do programa de talentos “World got a talent” na França. Nele aparecia um rapaz que pintava quadros com o pênis. O seu relacionamento já não ia muito bem, até que um dia ela assistiu a um vídeo publicado nessa social network, sobre um episódio do programa de talentos “World got a talent” na França. Nele aparecia um rapaz que pintava quadros com o pênis. Hanna diz que o programa tinha um tom de humor e não mostrava nenhuma cena de nudez, “marquei minhas amigas na publicação, meu ex viu e na hora me ligou. Começamos a discutir, ele disse que se eu desligasse o telefone terminaríamos ali, desliguei para nunca mais...”.
Além de Hanna muitos outros relacionamentos acabaram por conta do uso de aplicativos, Juliana Aranega, 34, promotora de eventos terminou seu casamento, que em sua concepção está indo muito bem depois de ver uma postagem de seu exmarido no facebook, “nunca usei o Instagram, em uma noite eu vejo que alguma coisa havia mudado nas configurações dele, pois as fotos do insta começaram a aparecer no face. Entre as fotos, à uma de um par de sapatilhas de ballet. Ele estava em outro relação com uma bailarina. Nosso casamento acabou ali, naquela noite, naquela foto”.
Angela Peres, 30, antropóloga não acredita que os relacionamentos acabem por causa da tecnologia, para ela é apenas o canal através do qual isso tem acontecido com certa frequência. “É como os assassinatos e as armas de fogo, existiam homicídios antes da arma de fogo, depois dela adquiriu outros contornos, inclusive facilitando pessoas que não tivessem força física ou que quisessem matar alguém a distância pudesse faze-lo, mas a questão humana que envolve o ato é anterior ao meio”.
Pra Angela é como a cultura ocidental cada vez mais vive um processo de individualização, em que os vínculos são vistos como um fardo a ser carregado por quem não se sente pleno a partir de sua própria existência. Ocorre que o ser humano é um ser social e são as relações que viabilizam ser quem somos. Essa oposição entre individuo e coletivo empobrece nossas possibilidades de explorar as relações de modo saudável. E a tecnologia apenas favorece essa visão de mundo quando coloca a disposição desses indivíduos a velocidade. “É rápido e fácil conectar e desconectar de conversas e interações. Isso reforça e naturaliza o comportamento de desvalorização dos vínculos. É apenas isso, meios que nos "ajudam" a chegar a um destino que já havíamos traçado”.
“Como hoje percebe-se que cada indivíduo é responsável por manter a sua subjetividade, diminuindo-se cada vez mais as relações interpessoais, aumentando mais e mais a comunicação atravessada pela tecnologia como e-mails, chats..., que ao invés de aproximarem as pessoas, fazem com que as pessoas se distanciem cada vez mais, proporcionando ao sujeito que se relacione sem precisar se envolver emocionalmente com o outro, eliminando assim o compromisso e a dependência, posto que o relacionamento com o outro está somente há um clique, sendo muito mais confortável o intermédio de uma tela de computador do que face a face”.
A internet proporciona ao indivíduo conhecer novas pessoas, reencontrar outras, mas pode ocasionar no afastamento de algumas. Amizades, relacionamentos amorosos e até familiares tem sido interrompidos por causa das redes sociais. Brigas por causa de opiniões políticas,
Desta maneira o número de relacionamentos que acabam por conta da tecnologia cresce mais e mais, para Hanna Oliveira, 20, estudante universitária seu relacionamento teve o ponto final em consequência de uma postagem sua no na rede social Facebook. O seu relacionamento já não ia muito bem, até que um dia ela assistiu a um vídeo publicado nessa social network, sobre
Sobre A AutorA
*O nome Maria Gomes é um nome fictício pois a fonte pediu para não ser identificada